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  • Foto do escritorCachoeiras Seguras

"A superação da dor é uma espiral"

Atualizado: 15 de abr. de 2019

Marta Bissoli fala da morte de seu filho Bruno na Cachoeira dos Couros, acontecida há 2 anos, em abril de 2017




No próximo domingo faz dois anos que o Bruno, meu filho, partiu, faleceu, morreu ou outros sinônimos que muito lenta e dolorosamente aprendemos a pronunciar.


Foi numa manhã do dia 14 de abril de 2017 - na última viagem de aventura que faria antes de seu casamento - que aconteceu o acidente na Cachoeira dos Couros em Alto Paraíso de Goiás.


Muitas vezes quis escrever a respeito mas não conseguia. As vezes achamos que a superação da dor é como uma escada que sobe-se lentamente, mas aos poucos percebemos que na verdade é uma espiral e que muitas vezes temos a sensação de estarmos sempre no mesmo lugar e percebemos com o tempo que conseguimos aos poucos nos afastar do sofrimento intenso.


Quando nos acontece uma tragédia como essa, nosso desejo é que as falhas que a provocaram sejam corrigidas para que ninguém mais passe por essa dor desnecessariamente.


Infelizmente não é isso o que acontece quando se trata do turismo em cachoeiras como ocorre em Goiás. Este ano aconteceu novamente e é por isso que resolvi escrever.


Bruno Bissoli

Cada filho é único e carrega histórias e sonhos únicos também, e que nós pais incorporamos como nossos, esses seus sonhos, por sentirmos neles nossa continuação neste mundo, muitas vezes melhorada, e que a morte prematura interrompe e devasta as famílias.


Por isso causa tanta dor ver que essas mortes em acidentes turísticos não cessam e nem têm a punição dos responsáveis, ou pelo menos a ação dos órgãos responsáveis para a regulamentação destas áreas.


No caso de meu filho a área do acidente, apesar de cobrar o acesso, não tinha sinalização de perigo (foram colocadas posteriormente) e o guia contratado, apesar de “autorizado”, também não o orientou e não estava presente na hora do acidente.


Equipamentos de segurança como capacetes, coletes salva-vidas, placas com indicação de áreas perigosas e indicação de épocas certas de visitação para evitar as “cabeças d’agua” que provocam inúmeros acidentes, são medidas simples que evitariam com certeza muitas mortes e não tirariam de forma alguma o sabor da aventura.


Hoje a regra ainda é a existência de locais que exploram o turismo de uma forma amadora e às vezes até predatória. O turismo de aventura pode ser sim muito seguro e quanto mais seguro e estruturado mais viável economicamente ele será, porque atrairá não só os praticantes do turismo de aventura mas todo tipo de admiradores da natureza.


Só me resta desejar que esta realidade não demore a mudar.


- Marta Bissoli, mãe do Bruno -




O acontecimento - Bruno Cesar de Azeredo Bissoli desapareceu quando estava visitando, com um grupo de 13 pessoas, a Catarata dos Couros na Chapada dos Veadeiros, Município de Alto Paraíso de Goiás-GO, uma das mais conhecidas e frequentadas da região. A operação de resgate foi feita pelos Bombeiros Militares de Goiás.


Ilustrações: Site dos Bombeiros de Goiás e acervo pessoal da família


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