Além da fé, preparar é preciso, há muitos cuidados a serem observados
por Virgínia Miranda
Movidas pela fé muitas pessoas resolvem fazer peregrinações, caminhadas em sua maioria longas, a pé, para visitar santuários e lugares sagrados, para pagar promessas e incrementar sua fé. Muitas não imaginam que por trás de tal demonstração da força da crença, há inúmeros cuidados a serem observados. Se preparar é imprescindível.
Participei do "Caminho da Fé", uma peregrinação - no meu caso de 7 dias - entre as cidades de Estiva, Sul de Minas Gerais, até a cidade de Aparecida, em São Paulo. A maior parte do meu grupo fez o percurso maior, saindo de Águas da Prata até Aparecida, andando por 13 dias.
Sempre fiz atividade física e tenho um condicionamento físico muito bom para minha idade, 55 anos. Fiz a peregrinação a convite de uma amiga que acabou não indo, por problemas físicos. Encarei o desafio com duas das minhas irmãs. Nos preparamos com diversas caminhadas urbanas em Brasília, nos Parques e nas ruas. Andávamos 10 km, 12 km, 7 km, cheguei a fazer 20 km por duas vezes, nos meses que antecederam a caminhada. Além disso, fiz aulas de treinamento funcional e musculação na academia. Mas mesmo assim foi muito mais desafiador do que imaginava...
No dia 23 de maio fomos de avião até São Paulo e de lá até Estiva, onde nos juntamos ao grupo. Iniciamos nossa peregrinação no dia 24, às 6 horas da manhã, saindo de Estiva rumo a cidade de Consolação - MG. Encaramos logo uma serra íngreme chamada serra do Caçador. As subidas foram constantes e ter fôlego foi uma exigência para concluir a primeira etapa de 22 km.
Vimos, de cara, que o percurso não seria fácil e questionamos nosso preparo físico. Será que vamos conseguir???
Nosso grupo era composto por homens e mulheres com idades entre 30 e 60 anos, sendo pessoas fisicamente muito bem preparadas, alguns já haviam participado de romarias e outros estavam mais adaptados a ambientes físicos similares ao que encontramos. O que não foi o nosso caso, pois Brasília é plana.
São muitas as particularidades das longas caminhadas, demandando a observação de uma série de cuidados. Precisamos de um cajado, nossa "terceira perna", calçado apropriado, o uso de pomadas nos pés, blusas UVA/UVB, agasalhos, calças/legging confortáveis, chapéus, mochila de ataque (onde vão produtos como protetores solares, água, bonés etc.) e outros detalhes. Durante o percurso a ingestão de água deve ser constante. Levar pequenos lanches e as paradas para descanso também são fundamentais.
Fomos com "carro de apoio" que levava as mochilas maiores dos peregrinos e os lanches. Como fazíamos o percurso pela primeira vez, achamos necessário a contratação de uma empresa. A Seta Amarela foi a que escolhemos, e ela nos atendeu em tudo conforme planejado, gostamos muito!
Durante todo o percurso as subidas foram muitas, com as consequentes descidas, também não fáceis, quando nossos "joelhos reclamam". Como atravessamos a serra da Mantiqueira isso já era esperado. Mas o visual era de tirar o fôlego, cruzamos fazendas, passamos por plantações, riachos, animais diversos, pássaros e flores. Tudo isso compensava o constante sobe e desce... nos distraía e encantava, tirando o foco da dor muscular e do cansaço.
À medida em que a altitude aumentava, o frio se tornava mais intenso. Saíamos cedo das pousadas onde pernoitávamos super agasalhados e ao longo do percurso íamos nos desfazendo dos agasalhos e acessórios para o frio.
Enfim, fazer uma peregrinação foi uma experiência fantástica. Muita solidariedade pelo caminho, muita gente do bem, muita oração, bondade e empatia. E, com o visual magnífico que nos cercou, o que poderia ser uma experiência dolorosa foi prazerosa sim. Lindas lembranças, lindas fotos e mais fé.
Contudo, atenção: preparar é preciso, porque não foi fácil!
Mas, já quero mais!
- Virgínia Miranda -
- foto de Capa: por Michele Galassi
- foto 1: por Tellma Bragantini
- foto 4: por Wagner Vieiera
- foto 7: por Mônica Savietto
- fotos 2, 3, 5, 6, 8, 9: por Virgínia Miranda e Angélica Brasileiro
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