Mortes e acidentes graves em cachoeiras são tragédias irreparáveis que aumentam consideravelmente em época de férias e no verão dos países do Hemisfério Norte, mas acontecem durante todo o ano em países tropicais como o Brasil.
Somos presenteados com cachoeiras lindíssimas e famosas mundialmente pela força, altura, volume d’água e ecossistema. A lista é enorme e muitas não estão catalogadas ou sequer tiveram algum dia a presença humana. Dentre as mais conhecidas e frequentadas - em Parques Nacionais ou Parques Privados - é grande a variação na estrutura de segurança ou implementação de medidas que previnam sobre perigos.
Os Extremos e o Turismo
As Cataratas do Iguaçu, por exemplo, talvez a queda d’água mais famosa do Brasil - Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, divisa com Argentina -, têm boa estrutura de segurança e procedimentos atualizados para receber os milhões de visitantes nacionais e internacionais que passam por ali anualmente.
A Cachoeira da Fumaça - Parque Nacional da Chapada Diamantina, Bahia - a segunda mais alta cachoeira do Brasil com 340m de altura, é também famosa e recebe turistas do Brasil e do exterior. Não tem a mesma estrutura de segurança de Iguaçu e nem todas as trilhas de acesso são sinalizadas ou mantidas. A entrada pelo Vale do Capão tem a coordenação da Associação de Guias do Vale do Capão, mas eles não têm força de obrigatoriedade e muitos visitantes se aventuram sozinhos pela trilha que inicia no Capão até a cachoeira, podendo se perder ou se acidentar em erosões, além do que pode ocorrer na cachoeira em si.
A cachoeira mais alta do Brasil, Cachoeira do El Dorado, com 353m de altura, fica no Norte do Amazonas - Parque Estadual Serra do Aracá -, é de difícil acesso pelos rios e floresta, não tem nenhuma estrutura de acesso, muito menos turística, mas algumas agências oferecem expedições para turistas nacionais e estrangeiros se aventurarem por dias, com propostas de “desbravamento” da mata, com perigos que vão de picadas de insetos ou “encontro” de outros animais a imprevistos com relação ao rio/embarcação e outros.
Temos um longo caminho pela frente até que os parques nacionais ou privados do Brasil sejam padronizados em termos de segurança e prevenção de riscos evitáveis. Do lado dos visitantes/turistas, procurem se informar antes de seguir viagem e previnam-se com atenção e cuidados pessoais.
Dicas de segurança em cachoeiras:
- vá acompanhado - decidindo ir sozinho, informe seus planos a familiares e amigos
- não ingira bebida alcoólica ou drogas em cachoeiras
- não leve alimentos para cachoeiras
- não ultrapasse barreiras de contenção - elas previnem que você caia na borda
- observe as sinalizações, elas orientam principalmente nas trilhas de acesso às cachoeiras e também sobre pontos mais perigosos
- se você sabe de antemão que o lugar não tem sinalização, leve mapa, bússola, celular carregado
- atualize a lista de "contatos" de seu celular com os números nacionais de emergência: Bombeiros 193, Polícia Militar 190, Polícia Civil 197, SAMU 192, Polícia Rodoviária Federal 191, Polícia Federal 194 etc. (se você estiver em São Paulo, confirme o número dos Bombeiros, o Governador pretendia unificar o número dos Bombeiros e da Polícia Militar no Estado).
- rochas e caminhos entorno de cachoeiras são extremamente escorregadios, cuidado ao caminhar, não se aproxime da beira da queda d’água
- não pule em piscinas formadas por cachoeiras se você não conhece a profundidade e o solo sob as águas
- nunca nade sozinho em cachoeiras
- cuidado extra em época de chuvas, o volume de água aumenta consideravelmente e normalmente não é seguro nadar ou atravessar cachoeiras nesta época
- nem toda água de cachoeiras é potável, leve sempre água potável
- águas brancas ou espumantes, que se formam entorno de rochas ou na própria queda d’água, são águas misturadas com ar e como tal possuem menor densidade que a água parada ou corrente - não se deve boiar nessas águas, elas não dão sustentação
- água em movimento é muito forte, se tiver uma passagem estreita entre rochas, neste ponto a força é ainda maior e funciona puxando para si, você pode ficar “grudado” sem força para sair e o mesmo acontece se tiverem árvores grandes caídas, criam o mesmo efeito de “puxar” com o peso da água lhe mantendo contra os troncos
- trombas d’água muitas vezes não são percebidas de imediato, surpreendem com repentino aumento do volume e força das águas; cuidado redobrado em épocas de chuva
- o peso da água varia com o fluxo d’água, quando aumentado a água fica mais pesada exercendo mais força sobre você, é preciso avaliar no dia e a cada instante
- observe as margens, se os barrancos ou rochas aumentam a altura na direção da correnteza; se você for levado pela corrente é bom ter feito uma avaliação de pontos de saída antes
- mesmo que você esteja em um ponto famoso para pulos e mergulho, sempre observe a profundidade da piscina formada pela cachoeira; o volume d’água varia diariamente e a piscina pode se tornar muito perigosa; quanto mais alto o pulo, mais profunda deve ser a água
- esqueça os Selfies, sua vida vale mais que esse risco; tire fotos com considerável distância de beiras de cachoeiras e rochas
- carregue seu lixo, não deixe nada para trás, mantenha o ecossistema original; além dos motivos óbvios, a segurança depende disso também
—> alguns países, como Canadá por exemplo, são mais radicais em suas orientações e em alguns parques simplesmente proíbem certos comportamentos, como: 1) proibido ficar no alto da cachoeira; 2) proibido escalar as rochas molhadas da cachoeira; 3) proibido pular do alto da cachoeira
NUNCA SUBESTIME A FORÇA DAS ÁGUAS
Acima: Cachoeira da Fumaça, Bahia - Abaixo: Cachoeira El Dorado, Amazonas
Fotos: Portal Brasil
Lista de telefones úteis e de emergência do Brasil (2018, cheque em seu Estado se existe alguma mudança, os números são nacionais, mas alguns Estados podem mudar)
http://www.ebc.com.br/cidadania/2013/09/telefones-uteis-e-de-emergencia-do-brasil
Expedição rumo à cachoeira mais alta do Brasil (reportagem BBC Brasil)
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