Na região Centro-Sul de Minas Gerais, entre Belo Horizonte e Ouro Preto, encontra-se o Parque Nacional da Serra do Gandarela, uma das regiões mais importantes do Estado, parte da Reserva da Biosfera do Espinhaço.
Além da biodiversidade, na Serra do Gandarela estão os mananciais que abastecem toda a região, inclusive a capital Belo Horizonte. São inúmeros córregos e ribeirões que abastecem bacias de importantes rios como: Rio Piracicaba/Rio Doce e Rio dasVelhas/Rio São Francisco. O Gandarela forma um corredor ecológico natural com o Caraça, unindo as bacias do Rio das Velhas e do Rio São Francisco. Sua Mata Atlântica é a mais preservada de toda a região, abrigando grande diversidade de fauna e flora. Além disso, já foram cadastradas nesta área cerca de 50 cavernas e um sítio Paleontológico.
Sua importância histórico-cultural não fica atrás: foi uma das mais importantes regiões no conjunto dos povoamentos originários do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, com considerável geodiversidade e importância no Quadrilátero Ferrífero.
Extração mineral e turismo
O Governo do Estado tem criado algumas Áreas de Proteção Ambiental (APA) em todo o território estadual. Em outubro de 2014 foi instituído o Parque Nacional da Serra do Gandarela, um esforço de proteção sob a administração do ICMBio. Ativistas que lutam há anos pela criação de um parque na região criticaram os termos da criação desse parque, que segundo eles, não impedirá a devastação que a extração mineral vem realizando há tempos e não conseguirá garantir a preservação de aquíferos importantes.
O ICMBio alega que o parque resulta de longa negociação entre poder público, Governo de Minas Gerais, prefeituras da região, população local e mineradoras e que essas últimas terão que ceder.
Além dessas graves questões ligadas à extração mineral e ocupação, Minas Gerais tem um dos maiores fluxos de turistas do país e a proximidade do Gandarela a duas de suas mais famosas cidades (Belo Horizonte e Ouro Preto) possivelmente contribuiu para o aumento de turistas buscando trilhas, camping, cachoeiras e todo tipo de “aventura” na região. Infelizmente, um turismo aberto, sem limites ou restrições e muito devastador.
Trabalho voluntário de limpeza
Cachoeira do Viana e Cachoeira do Índio
Várias cachoeiras e pequenos ecosistemas permaneceram fora da área de proteção do parque. As Cachoeiras do Índio e do Viana (em Rio Acima /MG), por exemplo, muito visitadas, estavam desprotegidas e sujeitas a vandalismo desde as trilhas de acesso. Agora isso mudou.
Um grupo de voluntários - formado por pessoas que além de apreciarem a natureza, a respeitam e promovem passeios e conscientização ecológica - criou uma força-tarefa com o intuito de retirar o lixo, já abundante, nas trilhas e no entorno dessas cachoeiras.
“No ano passado fizemos 3 mutirões (de limpeza) na região (Cachoeira do Viana e Cachoeira do Índio) e quando pensamos que nosso trabalho tinha sido em vão, recebemos, com imensa felicidade, a notícia que as duas cachoeiras foram incluídas na APA da Serra do Gandarela sob administração do ICMBio. Novas limpezas foram feitas e placas de conscientização ambiental foram instaladas. Fizemos nosso trabalho voluntário sem muito alarde e a recompensa veio. Felicidade aqui é mato”, diz Terezinha Souza, uma das voluntárias.
“A Cachoeira do Viana está limpa e a Cachoeira do Índio em etapa final de limpeza. Foram instaladas placas de conscientização ambiental. Não é mais permitido acampamento e uma área onde anteriormente as pessoas acampavam, foi transformada em jardim. Provavelmente já estava prevista esta proteção, não estávamos sabendo até então. Receber esta notícia foi como ganhar um presente”, completa Terezinha Souza.
Turismo consciente e conservação ambiental
A entrada no parque é gratuita. Visitantes são bem-vindos para conhecer seu grande número de cachoeiras, poços, serras e trilhas, mas agora conscientes de que o desrespeito às restrições (proibido acampar, por exemplo), o abandono do lixo e a intervenção destruidora serão punidos.
Orientações do ICMBio
Recomenda-se aos que farão trilha que:
Estejam bem preparados fisicamente para o esforço de caminhada;
Vistam roupas leves e confortáveis, calçado apropriado para trekking e boné;
Carreguem mochila com itens essenciais: água, lanche, capa de chuva, protetor solar e repelente para insetos;
A atividade de caminhada em unidades de conservação implica alguns riscos, como queda e mordedura de animais.
Lembramos que:
É proibido coletar, perseguir ou apanhar espécimes da fauna e flora silvestre;
O fogo pode causar destruição e ocorrência de incêndios florestais, portanto não é permitido sua utilização no parque;
Leve o seu lixo de volta para casa, pois não há pontos de coleta nos atrativos citados;
Atalhos causam erosão. Utilize a trilha oficial;
A utilização de equipamentos e instrumentos sonoros afeta o ecossistema, sendo permitida somente mediante autorização;
Para mergulho nas cachoeiras e rios recomenda-se o uso de protetores biodegradáveis;
Não é permitido acampar no interior do parque. Recomenda-se buscar áreas de camping em seu entorno.
Mais informações no Portal do ICMBio
Parabéns aos voluntários de Minas Gerais! Preservar o meio ambiente é um ato de amor. É pensar no coletivo!
- Grupo de voluntários que fizeram a limpeza do lixo na Cachoeira do Índio e na Cachoeira do Viana, incluindo as trilhas de acesso: Terezinha Souza, Marlon Franco Bac Fantur, Anderson Souza, Sil Maia e outros
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